terça-feira, 20 de outubro de 2009

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BAURU


A prefeitura municipal de Bauru decretou no último sábado 17/10/2009 que o antigo prédio da Estação Ferroviária é de utilidade pública para fins de desapropriação, atitude inicial e fundamental para que o município possa efetivar a compra daquele imóvel de forma que ele passe a ser definitivamente de propriedade do povo bauruense, possa ser restaurado e preservado como o principal marco histórico de nossa cidade. A linha férrea e a construção desta estação ferroviária, a terceira em tamanho no Brasil, se apresentou no passado como o principal impulso para o crescimento e desenvolvimento de Bauru e de toda essa região, trazendo desenvolvimento e progresso através não só das inúmeras pessoas que para cá vieram em virtude da construção dessa estação, como também pelo movimento dos trens que se seguiu a essa obra, com cargas e passageiros que faziam em Bauru seu principal entroncamento unindo diversas linhas férreas vindas de vários estados do Brasil e até dos países vizinhos.

Bauru cresceu em torno da Estação Ferroviária, e muitos de seus filhos nasceram e cresceram diretamente ligados às atividades que a ferrovia oferecia, profissionais de diversas áreas eram requisitados e absorvidos nos trabalhos da estação, e se Bauru sempre foi vista como um pólo comercial, foi o trem de ferro que incentivou no início do desenvolvimento dessa região o próprio comércio de nossa cidade pois sempre trouxe habitantes vizinhos para adquirirem e se abastecerem aqui dos gêneros que não encontravam em suas cidades e que a facilidade pelo entroncamento ferroviário fazia chegar até Bauru.

Bauru estará resgatando com a compra e restauração da Estação Ferroviária a própria história dessa cidade e a memória dos tempos idos, mas que foram fundamentais para que essa região se tornasse um grande pólo de desenvolvimento no interior do principal estado de nossa federação. Preservar a história, as origens, o passado é preservar a própria identidade, o eu mais íntimo de um ser humano ou de um povo, quem somos nós senão o conjunto das vivências, englobando o aprendizado e experiências adquiridas? Se esquecêssemos nosso passado quem seriamos hoje, qual seria nossa identidade? Nós somos nossa história de vida e preservar as lembranças do que fomos e fizemos utilizando isso para novos conhecimentos e realizações é o próprio ato de viver, por isso vejo de grande relevância a aquisição desse monumento de Bauru, para que todos possam com sua preservação, entender a identidade dessa cidade, perceber a grandiosidade do passado de Bauru, que ela tem uma história demonstrando o porque de ser o que é hoje e o que sempre representou para toda essa região.

Estamos preservando não somente um imensurável patrimônio histórico mas um imenso patrimônio sentimental da cidade de Bauru, é impossível passar pela Estação Ferroviária, adentrar aqueles pátios com as plataformas de embarque/desembarque, as salas de espera, os bancos, os balcões, sem que tudo isso nos remeta a profundas lembranças e grandes emoções, principalmente para aqueles que tiveram na ferrovia sua fonte de trabalho e dignidade mas também para todos nós que pudemos utilizar o trem como transporte para viagens de negócio e lazer, até para aqueles que mais jovens, que não participaram da vida afetiva dos trens mas podem ainda perceber pela imponência da construção, a importância que representou para a sociedade da época.
Justa e necessária se apresenta a compra da Estação Ferroviária pelo município de Bauru pelo imensurável valor emocional e histórico ali depositado e representado, evitando assim que esse prédio caia em mãos menos escrupulosas e corra o risco de fazê-lo desaparecer da vida e da memória de nossa cidade. Esperamos que o prefeito Rodrigo Agostinho não incorra nos erros do passado, quando houve tentativa de compra que resultou infrutífera e consiga realmente concretizar esse intento resguardando como patrimônio do município essa grandiosa obra de engenharia que representa hoje uma grande parte da história e da vida de Bauru.

Moisés Rossi.

(Fonte da imagem: Internet, via Google)

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